Não sei se alguém leu
estas notícias, mas para nós não nos é indiferente.
A Medicina vai mudar em Portugal. Até hoje, era o curso mais seguro para seguir, com 100% de empregabilidade. Este ano as coisas vão mudar. Com o aumento do número de vagas para os cursos de Medicina em Portugal, a juntar aos médicos que tiram o curso fora e vêm para Portugal trabalhar, o número de candidatos à especialidade torna-se superior ao número das vagas. Ou seja, este ano, pela primeira vez, nem todos os jovens médicos entrarão numa especialidade, visto que vão diminuir 150 vagas.
E quais as implicações? Neste momento, um médico só fica com autonomia após dois anos de trabalho, ou seja, apenas após completar o primeiro ano de especialidade. Se não entrar na especialidade, está incapacitado para trabalhar.
Para agravar a situação, pretendem acabar com o ano comum. Isso não é necessariamente mau (apesar de não deixar de ser importante um ano em que trabalhamos em diferentes especialidades e ganhamos mais prática), mas o facto de acabarem repentinamente com o ano comum vai fazer com que o atual 5º e 4º ano concorram ao mesmo tempo para o mesmo número de vagas. Ou seja, muito possivelmente, metade dos alunos não ficarão colocados em nenhuma especialidade. E nem sequer podem recorrer ao privado para tirar essa especialidade. Ou seja, terão um curso de seis anos que não serve rigorosamente para nada. Como dizia o presidente da ANEM, "
Nem sequer é desemprego, é uma espécie de limbo."
Como sabem, a Papoila está no 5º ano. Estamos muito assustadas com este cenário, que esperemos que não seja tão dramático como parece. A verdade é que eu temo pela vaga na minha especialidade de eleição e a Papoila por uma vaga apenas. O que nos resta? Vamos emigrar, tal como o Bastonário nos sugeriu?
Por agora, é respirar fundo e dar o nosso melhor.
Orquídea