quinta-feira, 14 de março de 2013

A propósito do Chico


E a propósito dos posts da Nikkita e da Filipa...

A religião é muito diferente da igreja. A fé que alguém tem num deus que olha por si, que cuida, essa fé que já vi em muita gente amiga (católica, protestante e muçulmana) é algo que dá uma força e uma tranquilidade que por vezes invejo. Essa fé não tem nada a ver com santos e pecados, céu e inferno, sagrado ou profano. Tem a ver com uma segurança de que o percurso que se corre é o destinado, o indicado, com todas as suas injustiças e surpresas, com todos os seus desafios e recompensas. É saber que se constrói esse percurso e se superam os percalços, é adormecer em paz por se saber ter feito o melhor possível. É confiar que há uma entidade que lá está para ajudar a percorrer esse caminho. 


O que dói na igreja católica é o facto de se apropriar de uma mensagem de amor, tolerância e partilha e transformá-la em discriminação, dogmas e leis que servem apenas alguns interesses. Um novo Papa traz a tod@s nós uma esperança de mudança. Não acontecerá tão cedo, mas já ficaria tão feliz se este novo Papa não dedicasse o seu discurso de Natal a dizer o quão erradas são as famílias de casais do mesmo sexo. Já ficava muito satisfeita se o discurso se focasse nas reais mensagens do cristianismo e não nas interpretações rígidas e descontextualizadas que insistem em assumir como verdades absolutas e indiscutíveis. Digo eu, que nunca me identifiquei como católica, nem mesmo antes de me aperceber da minha orientação sexual. Mas seria tão bom se a humildade e o bom senso descessem à terra "santa".

Orquídea

7 comentários:

um quarto para duas disse...

Concordo plenamente. E o que eu quis dizer foi que não encaixo nem numa vida religiosa nem num caminho guiado pela fé. Também eu já me cruzei com pessoas dos mais variados credos e nunca pus em causa aquilo em que acreditam. Mas, eu não me identifico, nunca me identifiquei.
Há muita coisa que me revolta na Igreja Católica, com que não concordo, e sim, a tal mensagem de amor que tanto apregoam, torna-se quase ridícula. E, como disse, acho que as coisas não vão mudar com este novo Papa.

Filipa disse...

Gostei do que escreveste. eu sou católica. Mas nao digo que tmb nao me revolte nao questione nao duvide. Mas tenho uma certeza que esse amor que é falado a mais de 2 mil anos é maior que todas os desvios que a igreja [ que é cada um de nós católicos] faça. É o acreditar que as coisas podem mudar, e nao perder nunca na esperança.

Anónimo disse...

É incrível, os media dizem todos que ele, Francisco,é contra casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas eu acho que depois de tudo o que acontece com a Igreja, inclusivé com as ultimas notícias sobro o bispo português lol. eles, Igreja têem que se calar muito caladinhos porque as pedras estão todas a caír sobre os seus telhados.
Na minha opinião, os padres bispos papas etc, devem, na sua profissão, falar e explicar a palavra de Deus e mais nada,

Anónimo disse...

Enquanto católica, homossexual, e alguém que tem sente essa serenidade e tranquilidade, em que não segue a igreja, mas Deus e Jesus, as tuas palavras são exactas e maravilhosas. Obrigada!
E ... seria tão bom !

Carla |O| disse...

Concordo e subscrevo. Se bem que a questão com a Igreja Católica e com a eleição do novo Papa - assim como o acto de abdicação de Bento XVI - transcendem o conceito da fé.
Acreditemos ou não, sejamos praticantes ou não, católicos ou de outra religião, esta é uma questão que, de alguma forma, nos envolve a todos.

As coisas não mudam de um dia para o outro, não mudam de um Papa para o outro - este não vai deixar de ser homofóbico só porque sim - mas mudam por etapas. E ainda que eu queira muito, apesar de não praticar e de há muito me ter afastado - que a igreja acompanhe o ritmo da sociedade sei que a máquina é muito pesada e que a boa vontade de alguns ainda não é suficiente para impulsionar a engrenagem.

Mas etapa a etapa, porque não têm outra hipótese, eles - os homens que sustentam a igreja - vão determinar o curso da fé noutra direcção. Quanto mais não seja porque a geração do Papa Francisco, de Bento XVI e de João Paulo II está, paulatinamente, a sair de cena e a dar lugar a outros. A minha fé - e neste caso no Homem - é que, entre tantos cegos, os que vêem continuem a acreditar.

Anónimo disse...

Não podia concordar mais contigo. A minha relação difícil com a religião vem principalmente de não sentir essa segurança e serenidade, e de a invejar nos outros.
E por muito que queira acreditar que a Igreja enquanto instituição nada me diz, gostava que houvesse alguma pequena mudança nas mensagens, nem que seja deixarem de falar do tema da homossexualidade. Já era melhor do que criticarem.

Nikkita disse...

Concordo contigo.
Mas por cá vamos estar para ver como será a atitude deste novo papa, e se é apenas "mais no mesmo". Gostaria muito vê-lo a pregar o verdadeiro sentido de amor e tolerância, como muito bem dizes, mas custa-me a acreditar nisso. A Igreja católica não me parece estar nesse patamar (ainda)...