quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Ali e Nino

Terminei há poucos dias o segundo livro da saga "Livros Recomendados por Amigos Estrangeiros". Desta vez coube à azerbaijana a responsabilidade de me deleitar com uma obra do seu país. E que obra!
Foi necessário encomendar à FNAC, que me arranjou um exemplar já meio vincado, mas valeu bem a pena! A história passa-se durante a primeira Guerra Mundial, uma altura em que o Azerbaijão estava sobre o domínio russo e que, aos poucos, se foi tentando libertar desta ocupação com a ajuda (suspeita) de arménios e turcos. Baku, a capital do país, é uma mistura de fontes europeias e asiáticas e é neste confronto que se coloca o romance deste livro. Ali, muçulmano xiita, está apaixonadíssimo por Nino, uma georgiana cristã, que o ama de volta com um carinho tremendo. Porém, muita coisa sucede na cidade e na própria vida de ambos, e o seu amor é constantemente posto à prova.
Para além de ter lido pela primeira vez um livro escrito na primeira pessoa por um muçulmano fervoroso (mas não totalmente extremista, vá!), é fascinante ver com os seus olhos e dos seus amigos a cultura europeia, os nossos costumes "bárbaros", as nossas incongruências, assim como a poesia e a justiça que os muçulmanos encontram na sua religião. Houve momentos em que me ri com gosto (especialmente na descrição da ópera e na guerra de Nino com o eunuco que a tenta educar) e momentos em que fiquei triste com o que se passava. Há guerras e lutas, há amor e loucuras, enfim, há de tudo. Aconselho vivamente a quem queira conhecer um pouco do outro lado do Islão, sem me comprometer com a actualidade de certas mentalidades naquele país. Vou investigar, vou falar directamente com a minha fonte e depois talvez vos informe, se vos aprouver (só para poder usar esta palavra chiquissima).

E, para que não julguem que agora só leio estrangeirada, ficam avisad@s que a próxima crítica será sobre "Os Lusíadas" em BD. True story, como diria uma amiga nossa.

Orquídea

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