domingo, 27 de dezembro de 2009

Ou então...

...Aquele outro dia, o primeiro em que vieste ter comigo à minha cidade para um passeio no rio. Com um bilhete apenas, para lá e para cá, sem sair do barco para não ter de pagar mais. Recordaste-me aquele prazer de criança de atravessar o rio, de sentir o vento e o cheiro do mar. Já me sorrias e mimavas com a doçura a que não sabia resistir. No regresso, com um receio infantil de sermos apanhadas pela trafulhice do bilhete único, escondemo-nos numa das cabines vazias. Encostaste-te a mim, nos mimos que me amoleciam. E, durante aqueles minutos da viagem, misturava-se em mim o conforto de te ter ali aninhada e a adrenalina pela antecipação do momento em que alguém ali entrasse. Seriamos apanhadas. Não fui capaz de perceber, então, por qual das patifarias esperava ser surpreendida.
Uns meses mais tarde, acordaste-me.

Orquídea

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