A vontade de partilhar histórias médicas é forte, mas o sigilo médico impõe-me alguma ponderação. Não só para proteger as pessoas que nos passam pelas mãos, com os seus problemas e as suas características pessoais (que, por vezes, são bem mais interessantes e engraçadas que o resto!), mas também a própria equipa, os médicos e a sua credibilidade.
Não ponho em causa a competência dos médicos que acompanho. O humor, a brincadeira e a descontracção não implicam diminuição do brio ou da capacidade médica e/ou cirúrgica. Mas sei que, por vezes, certas atitudes passam por incompetência aos olhos de quem não vive esta realidade todos os dias.
Dito isto, vou ao que quero desabafar. Há mais preconceito nos médicos do que eu julgava. Não deixam de tratar da mesma forma, mas ainda falta tanto. Falta um pouco mais de respeito, compreensão e tolerância pela diferença, falha geralmente bem disfarçada à frente do doente, mas que se revela com tanta força quando entre pares. Porque a piada vem mesmo a calhar.
Queria denunciá-los, esses comentários, mas não posso. Por respeito a todos. Prefiro que morram ali do que na memória comum. Mas fica a nota, porque, não sendo a visada, também me dói. E, talvez um dia, quando não for apenas o fim da cadeia alimentar na selva académica, lhes dê a resposta que merecem.
Orquídea
1 comentário:
Tenha medo...
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