quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Histórias de Maputo #1

Nunca tive, verdadeiramente, disponibilidade mental para vos contar algumas histórias. Sei que, neste momento, já lá vão uns meses desde o meu regresso... mas confesso que tenho saudades. Por isso começo uma rubrica que tanto poderá ser única quanto ter novas edições - tudo dependerá do estado de humor.


Portanto... Maputo. Por entre o que mais gostei consta, certamente, a Feira de Artesanato. Com tão pouco se fazem coisas giríssimas... E a simpatia e sorriso prontos - atributos do negócio de antigamente - ainda se vêm por aquelas bandas. Por entre os ladrilhos do jardim, lá se apreciam as tabancas, bem juntinhas umas às o utras, sem princípio ou fim, só muitos meios anexados. A tabanca de um tem, frequentemente, artigos feitos por 3 ou 4 pessoas, frequentemente familiares ou amigos. Nem todos lá estão e é habitual deixar a tabanca ao cuidado do vizinho. Ali ainda se confia.

Só se safa quem tem jeito e paciência para regatear. E só tem lucro quem é persistente, atencioso e teimoso q.b. Não tenho vergonha em dizer que lá fiz amigos... pois era uma paragem assídua dentro dos meus destinos. Não me envergonhava na demora, no tempo que passava a olhar para três ou quatro artigos. Aprendi imenso - como trabalhavam as peças, onde arranjavam as matérias primas, para que serviam alguns objectos estranhos, onde aprendiam a fazer aquilo. Aprendi a jogar jogos tradicionais, aprendi que ganham pouco e que vivem mal... mas isso, em Maputo, aprende-se em qualquer esquina.

Foi na feira que gastei metade do dinheiro que utilizei em Maputo. O restante destinou-se a alimentação. Se voltasse, tomaria a mesma decisão... mesmo voltando com cerca de 9-10Kg a menos e com as calças a escorregarem pelo rabiosque abaixo (bem espremidazinha, c'est vrai).

Como recordação principal trouxe uma caixinha de sândalo, feita por um amigo propositadamente para mim, onde retalhou 'Moçambique' com uma faca e com a qual posso jogar tchuva. Tchuva é um jogo muito jogado em Maputo. É fácil de construir e as peças são feitas de sementes de alfarroba, já que há alfarrobeiras em cada esquina. Foi giríssimo quando pedi para me ensinarem a jogar. Juntaram-se una 4 vendedores, todos a quererem dar a sua ajuda. Tanta simpatia, por ali.

(à direita o Idilio, quem me construiu o Tchuva)

Maputo, quanto me contaste.

Papoila

1 comentário:

Anónimo disse...

Sempre a aprender! Se não com olhos de quem presenciou, então pelos relatos de quem lá esteve.

Obrigada pela partilha. Pessoalmente fiquei bastante curiosa sobre como jogar Tchuva.

E é bom ser recordada de que há mais vida na simplicidade e humildade no que no luxo de muitas coisas.