Desanuvio com cortes de navalha, periódicos e desajeitados, no lápis de carvão rasca. O bico parte sistematicamente mas ignoro o lixo acumulado no chão, entre as pernas esguias, e prossigo.
O amanhecer sabe-me a pêssego maduro, aquele que prende o paladar e se sobrepõe ao pó de carvão que a brisa, agora, leva.
Entro em casa deixando a porta da varanda aberta. A cadeira de ráfia ao canto (onde me apoio quando procuro a inspiração ridícula de quem quer ser grande) está torcida do sol de tarde ardente.
Misturo o teu corpo, deitado, com o meu olhar. Olhar de quem julga saber a riqueza de quem lhe apoia as quedas tremidas quando os dias penosos chegam. Sorrio, calma, como que a dar as boas vindas ao teu amanhecer sonolento e contente. Preguiças-te nos lençóis brancos, já coloridos em zebra pelos riscos do sol (que se afirma forte).
O rádio de fraca qualidade começa a tocar as músicas que despoletam, instantaneamente, a tua alegria.
Meu bem, adivinhas o que fiz para o pequeno-almoço?
Papoila
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