quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Bahhh today


Hoje o dia teria sido melhor se a tivesse tido a meu lado quando acordei. Se tivesse sido o seu sorriso a lançar-me nesta quarta-feira. As quartas-feiras são sempre tão difíceis, sabem?

Hoje o dia teria sido melhor se não tivesse havido aquele silêncio ensurdecedor da manhã. Se ela lá estivesse estado para me dizer como sou mesquinhas com o pequeno-almoço (e para eu lhe dizer o quão modesta ela consegue ser na velocidade com que se despacha).

Hoje sonhei com a Amália Rodrigues. Tinha 30 anos e era feliz. Ria-se desmedidamente, a esbanjar vida como milionário que esbanja dinheiro na H&M. Tinha o mundo a seus pés, tinha as escolhas certas, tinha vida direita. Portava olhos com brilho de infância e havia alguma inocência na sua expressão. Não sei se da pintura (do batom rosa claro que sempre lembra criança) se de atributo natural. Tinha toque de mulher que ama mulher, suave e ternurento. Diria até lascivo, mas não um lascivo qualquer. Um lascivo delicado, como quem sente o pulsar dos corpos mas, ao mesmo tempo, se preocupa em interpretar sinais com sabedoria e respeito.

Apanhei o metro e segui para a faculdade, como que lebre a correr para os lobos, isca para pescar carpa, menina sem guarda chuva. E lá me sujeitei a horas de vazio cultural, que pouco acrescentaram e que muito tempo útil me roubaram. Mas o orador tinha ar familiar e acalmou o peito arrefecido. Periclitante e indefeso.

Há dias assim. E o pior é que hoje nem há TPM para justificar tanta vulnerabilidade.

Bah today.
Ao som de Black Cherry, Goldfrapp
Papoila

Sem comentários: