quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Até amanhã, à mesma hora.

Há que transformar alguns momentos do dia em momentos religiosos.

Como aquele em que encontro aquela senhora, gira, nos seus 30s, vestida à empresária e claramente da família, encostada ao poste à espera do metro. Lá está ela, todos os dias sem falta. E, mesmo quando penso que cheguei tarde, que me atrasei, ela entra a correr pela porta da carruagem e se senta à minha frente.

Ou o invisual que tem o cão que abana a cauda mal me vê pois sabe que lhe faço festas. E eu as faço mesmo quando, curvada sobre ele, exponho as minhas cuecas a toda a gente na carruagem. Ou quando, nas curvas, tenho que fazer juz á minha costela de surfista, para não me desequilibrar e cair para o lado.

Ou até a leitura do romance Middlesex, que me despoleta um prazer terrível pela forma genial como está escrito. Como me afundo nele durante as longas horas de il n'y a rien à faire no hospital. Ou quando aquele rapaz, que eu achava franzino e desinteressado, mete pela primeira vez conversa, dizendo que já o leu. Que vale a pena.
... e por isto, até amanhã. À mesma hora.
Papoila

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