A lareira, de labaredas altas e esguias, crepita aquecendo os meus pés pálidos. Também a água crepita lá fora, ao bater generosamente na calçada, molhando as vestes de quem passa a fugir. Mas tudo isto me é alheio e irrelevante, no egoísmo a que a condição me obriga. Puxo a manta, cobrindo o corpo, tentando aconchegar-me na tarde. Não há calma, só desassossego e angústia sitiada no peito, como erva daninha que persiste. O telemóvel não toca e, cá dentro, procuro incessantemente por alguma coisa que traga ânimo. O bonsai murcho, ao canto, cujas flores jazem já na terra, adornando o musgo de estrelas roxas, traz nostalgia de quem já não é. A luz do candeeiro, esvaecida, imita mal o sol do dia e, sem querer, esfria a alma. Nem o chocolate colmata a falta. E é aqui que eu sei.
Acompanhado por isto.
Acompanhado por isto.
Papoila
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