Considerando o teu cabelo ruivo, o topo do edifício era o lugar que mais soberania te dava. Batia-te o sol do meio-dia e a tua perfeição afirmava-se. Uau, pensava eu. Mas a tua modéstia sobrepunha-se à tua beleza e, se há coisa que me impressionava, era a tua simplicidade.
Deverei dizer que, para quem não te conhecia de perto, nunca foste senhora de muitos carinhos. Tinhas a objectividade adulta, que faltava a muitos e que era frequentemente interpretada como presunção. Mas, minha querida, não o era. E eu sabia-o.
Estive lá hoje, meu amor. E foi como se estivesses comigo. Como se te visse novamente a varrer o prato com o pão e a carregar nos erres, sorrindo-me. Eu brincava com o papel enquanto fazias uso da inesgotável paciência que tinhas para os meus devaneios. Rimo-nos muito juntas, não foi?
Vem cá e abraça-me novamente.
Minha querida, é Primavera, o lírio que me ofereceste murchou e sujou o meu livro de roxo. Quem me oferecerá lírios agora?
O Verão vem aí, vem beijar-me a nuca agora que ninguém o faz ao teu jeito.
Meu amor, o sol está-se quase a pôr. Corre! Vem comer o chocolate na varanda.
Vai buscar a fita e mede as nossas pernas. Vês, és a mais elegante. Não ligues à senhora, a rir-se dos nossos complexos.
Vamos cavalgar na sexta à tarde? Vem, meu amor. Peço ao Rui para te guardar o melhor cavalo.
Minha querida, é Primavera, o lírio que me ofereceste murchou e sujou o meu livro de roxo. Quem me oferecerá lírios agora?
O Verão vem aí, vem beijar-me a nuca agora que ninguém o faz ao teu jeito.
Meu amor, o sol está-se quase a pôr. Corre! Vem comer o chocolate na varanda.
Vai buscar a fita e mede as nossas pernas. Vês, és a mais elegante. Não ligues à senhora, a rir-se dos nossos complexos.
Vamos cavalgar na sexta à tarde? Vem, meu amor. Peço ao Rui para te guardar o melhor cavalo.
Vão destruir o lugar que mais me faz lembrar-te. Fui hoje vê-lo pela última vez e, de repente, a gravata apertou-me o colarinho em demasia. A mim, que nem gravata uso. Queria que chovesse e me cobrisses com o teu blusão. Que nos escondêssemos na sala grafitada e que me pegasses ao colo, na loucura da juventude. Tenho saudades da confiança de que fazíamos uso, sem grandes escrúpulos.
Ainda sinto a ânsia de correr para ti quando alguém de costas, por um segundo, me faz lembrar-te (e me esqueço de que não podes ser tu).
Quando morreste não acreditei. O meu corpo tremia mas a minha face ostentava um sorriso assustado. Não há coisa mais irónica que a morte e eu não acreditei que o sacana do teu Deus te tivesse escolhido a ti. Tinhas demasiados planos para seres tu, ele não viu isso?
4 comentários:
Inês Pedrosa - Fazes-me Falta, né? :P
O remate final faz lembrar... Mas não, fui eu que escrevi. Ela escreve muito melhor que isto.
Beijinho*
este dia está tão estranho... bjs*
O teu texto conseguiu abanar-me a alma e deixar-me colada no ecran do pc! como há muito não acontecia.
A ines até pode escrever melhor mas sen-ti-men-to não te falta...
:)
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