Paguei vinte euros para, neste fim-de-semana, fazer um curso de Interpretação de ECG. Já tinha ouvido falar muito bem sobre o professor que o leccionava e não podia deixar isto escapar (primeiro, porque é essencial na carreira médica e, segundo, porque a Orquídea obrigar-me-ia a ir mesmo que eu não quisesse).
Sendo assim, lá a Papoila fez um esforço por se levantar mais cedo que o habitual aos fins-de-semana, e dirigir-se penosamente à Faculdade. Para quê?, perguntam vocês. Pois. E aqui começa aquilo que motivou este post.
Imaginem-se numa sala que alberga uns 180 marmanjos, com um professor (por sinal muito bom) a dar uma aula bem arquitectada sobre um tema que vos interessa realmente. A somar a isto, imaginem o professor a dar a aula voluntariamente (revertendo a totalidade do valor do pagamento para a compra de material médico para usarmos numa das disciplinas).
E agora, apesar de tudo isto, façam um esforço (eu sei que é difícil) para imaginarem 80% da audiência a fazer um barulho ensurdecedor, que torna impossível captar o que quer que seja em condições. Isto foi o meu fim-de-semana. Uma luta para tentar ouvir o que o senhor dizia. Para além disto, havia uma nuvem de insolência naquela sala. Tão grande que metia dó. Deixa-me triste pensar que futuros colegas, que estão a estudar para tratar pessoas, não têm a mais pequena sensibilidade para com alguém que está a fazer um esforço para os ensinar. E para os ensinar bem (e aqui sublinho a forma como o professor conseguia cativar aqueles que lá estavam com algum propósito para além do de obter um certificado).
Pareciam adolescentes. Ouviam-se bocas fúteis e sem qualquer sentido. Dizia o senhor 'Estou a fazer um esforço para conseguir concentrar-me e dar-vos a aula mas confesso que está a ser difícil. Temos que baixar um pouco o volume senão amanhã (ou seja, este domingo) não vou ter voz para vos ensinar.'. E ouve-se a audiência 'Ohhh!', com um desdém tremendo.
Foi um autêntico desafio à minha paciência. Nem quando pedi, muito gentilmente, às colegas ao meu lado para falarem um pouquinho mais baixo, elas acederam ao pedido. Replicando antes que, enfim, tinham todo o direito aquilo. Mas será esta gente maluca? Terão crescido num planeta em que não se vive em sociedade?
Argh.
3 comentários:
Pois... o mal é generalizado!
Podia fazer uma grande dissertação acerca desse tema... mas apenas digo: - É triste!
Hoje estive quase, quase a fazer o mesmo às duas filas ao meu lado... Já têm idade para ter juízo!
É mesmo triste.
Ainda hei de criar uma rubrica aqui no blog a propósito deste tema...
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