Desde que fiz o Juramento Médico que estou muito mais reservada na partilha de histórias de consultório ou hospital. A verdade é que a vontade, por vezes, é muita. Não pela fofoca, claro, mas sim pela gravidade e implicação de algumas questões.
Ser médica é meio caminho andado para saber exatamente como é a sociedade em Portugal. O bom e o mau. As pessoas que sofrem e precisam de ajuda e a quem as políticas mais recentes insistem em prejudicar. E aqueles que se encostam ao sistema, com lamúrias injustificadas e uma preguiça que incomoda.
E depois há a solidão. A imensa solidão. Tão real e tão comum que se acompanha tantas vezes de uma acomodação dolorosa.
Eu poderia escrever todos os dias sobre um episódio marcante que assisti nas minhas horas de expediente. Podia e adorava poder fazê-lo. Mas enquanto não compreender bem os contornos deste Juramento, não arrisco a privacidade e anonimato daqueles que passam por mim.
Orquídea
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