Um dia disse-te que voltaríamos a Paris quando me esquecesse de como era Paris. Não importa já, podíamos ir hoje. Tenho tanto para te mostrar, meu bem, que prefiro ir já antes que me esqueça de algum pormenor. Voltamos a saltar aquele passeio e a cair em Paris. De novo nos Champs Elysées, para iniciar a nossa viagem. Sei que não te perdes tanto nos CDs como eu, mas vamos entrar nas megastores e embrulhar-nos em livros de palavras francas e encontrar surpresas entre todos os artistas. Vamos ver os carros caríssimos em exposição, vamos fotografar-nos e fingir-nos riquíssimas. Vamos andar e andar. Vou fazer-te massagens nos pés, que aprendi a adorar, ao fim do dia. Vamos ver o Louvre a correr, parando apenas no Vermeer e noutros pequenos detalhes. Vamos descansar um pouco no grande corredor, sentadas naqueles sofás, a observar os outros. Vais-te maravilhar com as camaras dos japoneses. Vais procurar as referências do filme. Dos filmes. Vamos engasgar-nos com o francês. Vou-te levar a passear no rio Sena, naqueles barcos grandes, e vou obrigar-te a dançar comigo na parte de trás do barco. Vamos sair e visitar o d'Orsay e vou-te contar que antigamente era uma estação de comboios. E vais acreditar em mim. E vamos sonhar com uma casa junto ao rio, naqueles edifícios reluzentes. E vamos comer crepes de chocolate na rua e tirar fotografias das nossas caras borradas. Vamos pisar o círculo em frente a Notre Dame para lá voltarmos. Vou mostrar-te o Sacre Coeur, vou oferecer-te uma pintura das ruas e uma boina, para usarmos de volta a casa. Vamos enviar postais. Vamos escrever muito. Vamos sentar-nos nas esplanadas viradas para a rua e ver Paris a pulsar. Vou-te levar ao museu recente ao qual não cheguei a ir. Se nos sobrar tempo, ainda te levo ao topo de Monparnasse. E levo-te ao Pompidou, onde veremos o artista de rua a improvisar com o público. E, mesmo sem perceber todas as palavras, vamos rir do que diz. E vou-te acordar, um dia, e levar-te à Disney. E só a Disney vai merecer um post novo. Vais amar. E vou ser feliz ao ver o teu sorriso incontrolável. Vou-te dar tudo isto. Vamos a Paris, meu bem. Prometo.
Orquídea
1 comentário:
tenebroso céu na cidade da luz, os anos a vaguear como alma errante nas ruelas apaixonadas e levianas, nas catacumbas a roubar caveiras para fazer os nossos absurdos encantamentos. aquela caveira que tive que pedir a um amigo para enterrar porque o seu olhar oco, enterrado desde a revolução não me deixava sonhar livremente.
paris, a cidade onde a minha individualidade artistica floresceu, arte e cortesia teatral,
as saudades do meu ninho de onde via o panthéon e delirava que um dia a pátria me reconhecesse...
sublime e gotica amante, transfiguraste-me através da excentricidade e do design do ar, da architectura, do amor...
Enviar um comentário