A forma como te deitas na minha cama quando, numa tarde esbaforida, regressamos a minha casa. Ligo o rádio antigo e vou mudando de estações, dançando e cantando para ti. Tenho consciência de que o meu corpo se move de forma desproporcional, às vezes fora de compasso, às vezes de modo tão desconexo que até a mim me assustaria. Mas olhas-me cheia de amor e dizes que gostas de mim... e o melhor é que consigo lê-lo, mesmo quando não mo dizes. Os teus lábios sorriem-me, de longe, suaves e genuínos e, quando atabalhoadamente exemplifico um dos passos de dança que de tão estranhos só eu consigo fazer, ris de forma tão pura que tudo para mim se justifica.
Papoila
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