domingo, 3 de junho de 2012

O Futuro da Medicina

Não sei se alguém leu estas notícias, mas para nós não nos é indiferente.
A Medicina vai mudar em Portugal. Até hoje, era o curso mais seguro para seguir, com 100% de empregabilidade. Este ano as coisas vão mudar. Com o aumento do número de vagas para os cursos de Medicina em Portugal, a juntar aos médicos que tiram o curso fora e vêm para Portugal trabalhar, o número de candidatos à especialidade torna-se superior ao número das vagas. Ou seja, este ano, pela primeira vez, nem todos os jovens médicos entrarão numa especialidade, visto que vão diminuir 150 vagas.
E quais as implicações? Neste momento, um médico só fica com autonomia após dois anos de trabalho, ou seja, apenas após completar o primeiro ano de especialidade. Se não entrar na especialidade, está incapacitado para trabalhar.
Para agravar a situação, pretendem acabar com o ano comum. Isso não é necessariamente mau (apesar de não deixar de ser importante um ano em que trabalhamos em diferentes especialidades e ganhamos mais prática), mas o facto de acabarem repentinamente com o ano comum vai fazer com que o atual 5º e 4º ano concorram ao mesmo tempo para o mesmo número de vagas. Ou seja, muito possivelmente, metade dos alunos não ficarão colocados em nenhuma especialidade. E nem sequer podem recorrer ao privado para tirar essa especialidade. Ou seja, terão um curso de seis anos que não serve rigorosamente para nada. Como dizia o presidente da ANEM, " Nem sequer é desemprego, é uma espécie de limbo."
Como sabem, a Papoila está no 5º ano. Estamos muito assustadas com este cenário, que esperemos que não seja tão dramático como parece. A verdade é que eu temo pela vaga na minha especialidade de eleição e a Papoila por uma vaga apenas. O que nos resta? Vamos emigrar, tal como o Bastonário nos sugeriu?
Por agora, é respirar fundo e dar o nosso melhor.

Orquídea

3 comentários:

Chocolate and Vanilla disse...

Isto é muito assustador, mas na verdade acho que ninguém, a não ser os estudantes, está muito preocupada ou consciente de tudo isto. Andamos 6 anos e depois o quê? Emigrar pode ser uma solução, mas é muito triste ser a única que conseguem apresentar. Nós estamos no 4ºano e, sinceramente também não sei qual vai ser o nosso futuro. Desde o 1º ano que ouço dizer que o exame de especialidade vai mudar, mas até agora ainda não conseguiram nada definitivo. Agora querem acabar com o ano comum e reduzir as vagas de especialidade, e isto deixa-me completamente abismada. É muito grave, tendo em conta que, ainda por cima, andaram para aí a abrir faculdades de medicina em Aveiro e no Algarve só de 4 anos e agora dizem que há excesso de alunos. Isto é tudo tão ridículo e frustrante. É que nem se trata de desemprego, trata-se de andar a estudar 6 anos para depois correr o risco de não poder exercer aquela profissão, porque no fundo não ficou concluído.
Espero que as coisas melhorem e que oiçam o que os estudantes têm a dizer. Já nem penso que especialidade quero seguir, só quero poder ter uma.

Anónimo disse...

Hum...

Eu sou a favor do aumento de vagas nas faculdades de medicina e acredito que só mesmo com o aumento do número de médicos se pode tornar mais comportável pagar um médico privado por exemplo.
Além disso, sempre achei escandalosa a média de entrada para o curso...como me disseram um dia noutro país de forma algo sarcástica "lá em Portugal os médicos devem ser todos pequenos génios, para ter uma média de entrada superior a 19 em 20". Com isto não estou a dizer que se promova o facilitismo, mas estou convicta que há algo de muito errado em todo este processo.

Infelizmente face ao panorama para qualquer outro curso, ser-se licenciado em medicina é ainda um privilégio a nível de status e de garantia financeira. E também infelizmente é por isso que atrai tanta gente por interesses outros que não o de ajudar o próximo (apenas para ressalvar, não creio de todo que seja o vosso caso!!).

Depois deste desabafo, porque razão querem reduzir as vagas de especialidade? Parece-me um contrasenso com o suposto aumento de vagas de entrada..

(Ah e desculpem o comentário intrusivo, mas sou leitora anónima assídua do vosso blog - o qual gosto muito :) )

AM.

A.G. disse...

Sei que até para ser Médico está complicado mas ainda é das áreas onde existem mais oportunidades de emprego (conforme a especialidade, é certo...), por isso, acho que não têm que se preocupar. :) Digo isto porque venho de uma área que, essa sim, está com muitos problemas. 99% da minha turma de finalistas está desempregada há um ano. Felizmente estou a trabalhar. Não que seja o meu sonho de emprego, mas até melhor, é uma ocupação paga. Desemprego atinge a todos, mas enquanto que certas profissões são menos "essenciais à sobrevivência" (não deixam de ser essenciais ao desenvolvimento, atenção!), haverão sempre pessoas doentes para tratar. E como disse a AM, só lamento não haver mais vagas para Medicina. :) Muita força e se acreditarem, correrá bem. Ainda são dos menos prejudicados, acreditem! Ah. E não se esqueçam, que quando a realidade está a lusco-fusco, para os meios de comunicação é breu total. ;) Boa sorte.