segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Urgência: o Terror


De tudo o que tenho vivido e aprendido este primeiro ano de trabalho, são as urgências que mais me custam.
Honestamente... Ninguém devia trabalhar tanto tempo num sítio assim. Nem 24 horas nem sequer 12. E eu nem trabalho num hospital com a afluência assustadora de que já tenho ouvido falar. Cada dia de banco é um dia de muita ansiedade. Sei que a minha pouca experiência pessoal faz com que a preocupação seja redobrada, mas não me parece saudável  para ninguém um trabalho assim. 
Muitos doentes para cuidar. Sempre gente a entrar. Gente que grita de dores, gente que preferias que gritasse, gente que te agarra, gente que não fala e que veio morrer um pouco mais, gente que não vai morrer mas vem na mesma, gente que finge dor, que manipula. E no meio de tudo isto, confusões para resolver, picardias entre profissionais, procedimentos para cumprir, e muitos olhos à tua volta a seguir cada passo que dás.
Não consigo explicar-vos. Só passando doze horas lá dentro. Só vendo aquelas pessoas. Mas, acreditem, não é saudável. Para ninguém.

Orquídea

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