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Gula. E gomas.
Papoila
A forma como te deitas na minha cama quando, numa tarde esbaforida, regressamos a minha casa. Ligo o rádio antigo e vou mudando de estações, dançando e cantando para ti. Tenho consciência de que o meu corpo se move de forma desproporcional, às vezes fora de compasso, às vezes de modo tão desconexo que até a mim me assustaria. Mas olhas-me cheia de amor e dizes que gostas de mim... e o melhor é que consigo lê-lo, mesmo quando não mo dizes. Os teus lábios sorriem-me, de longe, suaves e genuínos e, quando atabalhoadamente exemplifico um dos passos de dança que de tão estranhos só eu consigo fazer, ris de forma tão pura que tudo para mim se justifica.
Papoila
Há em ti aquela coisa, escondida aos olhos de tantos e tão evidente para mim. Não lhes conto que a tens, não vás ser demasiado querida por quem não te merece. Mas essa coisa que tens, meu amor, cativou-me desde aquela vez em que cruzámos os olhares em pressa. Era Abril e já fazia o sol que hoje fez. Ias de saia comprida, aquelas de festival de Paredes de Coura, liberto de preconceito e preso de vida. Nesse dia namorei-te mesmo sem o saber. Sentiste?
Papoila