sexta-feira, 8 de maio de 2009

The ticket collection

A revelia de comprar um bilhete e não o usar. Guardá-lo como memória da viagem por viver. Ser divergente. Ser discrepante, diferente, distinta, desigual. Contar a história do que não fiz. Ficar-me a sonhar sobre a jornada perfeita em que, um dia, me poderia ter arriscado. A ousadia de me ir sozinha, ficando no mesmo lugar.

Os olhos que não cruzei, os caminhos em que não me perdi, a chuva miudinha que fintei e o sol que não me conheceu a pele (já, de si, morena). Imagino-os de um azul ténue. Os caminhos seriam largos, para todos os meus opulentos raciocínios e memórias. Para me caber toda e não deixar anexos. A chuva molharia parvos e eu, escorrida em nascente, deixaria rasto orgulhosa por me ser. O sol.

Há algo fantástico na imaginação pendente na hipótese de ir. Ou não ir.

Eu fui. Mas fiquei-me. E soube bem.

Papoila

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