sexta-feira, 1 de maio de 2009

Surpresas

Não soube relembrar as surpresas. Senti o aperto no teu peito e não fui capaz de o libertar. Mas eu guardo-as, meu bem, não as perco. Tenho perto de mim os livros que me ofereceste, quando a tua vontade de os ler procurou acomodar-se para que eu o fizesse primeiro. Trouxeste-me, com aquele abraço que derruba, o caderno que quero compor com as palavras perfeitas para um fim de tarde de mimos e ar puro. Trouxeste-me os lenços que adoro e que não são capazes de largar o meu pescoço magro. Não me esqueço nunca das inúmeras cartas que me escreveste em dias de sofrimento, aborrecimento ou de saudade. As palavras estão cravadas em mim, não com as suas letras, mas com o carinho e a comoção. Sorrio quando me lembro do espelho (que és) que me ofereceste, nem do creme com que tentaste mudar a minha visão das senhoras desenvergonhadas do balneário. Ainda baixo os olhos cada vez que me surpreendes, de novo, por saber que não consigo transmitir nas pequenas surpresas que te consigo fazer o carinho e a dedicação que encontro e me derrubam sempre nessas ocasiões. És tu, a tua entrega profunda nas coisas, ali, nos objectos que procuras para mim, crias para mim, embelezas para mim. Dás-me o que podes e o que não podes. Coro. Quero dar-te tudo isso de volta. Quero que saibas que, mesmo quando, atrapalhada com o teu olhar magoado, não consiga nomear tudo o que já me fizeste de surpresa, não me esqueço nunca desse amor que transborda em cada um desses gestos. É enorme e afoga-me em felicidade. Meu bem, espero conseguir dar-te, aos poucos, toda essa emoção de volta.
Gosto das nossas surpresas.

Orquídea

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