segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dias Difíceis

Há dias difíceis por lá. Há gente hipócrita e que se aproveita do bom coração de certas flores. Há um tempo que vai escasseando e há uns abutres que não compreendem a aflição dos pardais cá de baixo. E os pardais perdem, por vezes, a calma e a paciência. Mostram que não servem apenas para as migalhas e impõem-se. Zangam-se. Revoltam-se contra o que de injusto lhes suja as asas. Por vezes, raras vezes, perdem a cabeça.
Mas eu estou lá. E por muito que custe, não saio da beira do pardal agitado. Ele não compreende logo, mas eu vou lá estar imóvel, para lhe sussurrar ao ouvido algumas palavras doces para recuperar a calma e o serenidade que lhe cobriam o olhar. O peito exala emoção e aos poucos excreta as pedras que lhe pesavam o voo. Volta a mim e renova o gesto amigo. Fragiliza-se e vem para debaixo da minha asa.
Hei-de cá estar sempre para te sossegar. Liberta-te que estou aqui para te recordar quem és.

Já passou.

Orquídea

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