domingo, 28 de junho de 2009

Tourada

Ontem fui a uma tourada. Revolta-me dar dinheiro para coisa tão macabra, mas lá acompanhei o velhote de quem tanto gosto. Lembrei-me de quem me abraçava e me beijava o pescoço, e o seu gosto refinado por cavalos. Lá estava eu, a olhar para a centenária arte.

É então que a banda filarmónica começa a tocar isto. E, de repente, são os touros sentados nas bancadas e um homem assustado no meio da praça. Seus olhos transpiram medo e fúria. Os touros berram e ordenam que os touros toureiros, com as capas presas nos cornos, se abstenham de exibições vãs - querem sangue, querem espectáculo. Querem a respiração ofegante do homem. Querem a logoftalmia voluntária. É então que o touro vem, sentado nas costas de um elefante ornamentado com fitinhas ridículas. O homem nem oferece luta. Estéreis provocações às quais se mantém hirto. Inamovível. Mas vão lhe caindo farpas enquanto galopam à sua volta, enquanto o sangue lhe escorre pelas pernas, enquanto o pavoneiam com bandeirinhas.

No fim, soltam as mulheres. Nuas. Que o arrastam, no meio de provocações de touros vestidos à Marques de Pombal, de novo para o curral.

Papoila

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