Vacation Vixen: A King, A Queen & A Hack
Há 5 horas

E se um dia acordasses e a tua atenção estivesse apenas direccionada para uma parte do teu corpo e do espaço? Se te esquecesses consecutivamente de vestir a manga esquerda do casaco e ignorasses, inconscientemente, os alimentos da metade esquerda do prato?
You're my picture on the wall,
Quando passamos o fim-de-semana juntas, naquela calma e conforto que sabemos criar, a segunda-feira consegue tornar-se um dia significativamente pior. Já não é só o regresso à rotina da faculdade (e o stress a ela associada), é também o teu regresso a casa e um quarto mais vazio. Deixa de haver a tua presença silenciosa enquanto estudo. E aqueles beijinhos zás-trás-pás, que quando dou por eles já estão, entre os anti-arrítmicos e os anti-hipertensores. Depois vêm as críticas dos pais e a luta de todos os dias para que compreendam a nossa relação, tão incógnita a seus olhos.
Ou 'como tive olho para ti e para as tuas medidas', já que vestimos exactamente o mesmo número em todas as peças de roupa (e isso já se mostrou útil em diversas ocasiões).
Se há coisas que a vida ensina é a não esperarmos muito dos outros. A não ter expectativas e a não sermos uma carta fácil de ler. A não ceder a ilusões nem a utopias. E, infelizmente, há dias em que encontro razão em tudo isto e me convenço que tenho que aprender a viver assim.
Sempre dei grande importância ao desporto e até pensei, em tempos, seguir uma carreira desportiva. Não é por isso estranho a quantidade de modalidades que pratiquei enquanto tive tempo para isso, nem o número de horas semanais que lhes dedicava. Curioso é como fui parar a medicina, que obrigada a uma acinésia e inércia desumana, de tantas horas que passo sentada em cadeiras.
Se não a conhecesse já tão bem, diria que passava horas a ver a VH1. É daí que conheço as músicas do tempo antes de nascer, que aprendi curiosidades com o Pop Up Video e que descobri as vidas privadas dos artistas. Mas não. A Papoila não via VH1, nem sequer tinha este canal. Tinha os discos caseiros, rádio e uns pais que partilhavam a sua música. E depois chegam dias como hoje, em que nos perdemos neste site, e nos apercebemos que ela consegue cantar (ou pelo menos cantarolar) praticamente todas as músicas das décadas passadas que, ao calhas, escolhemos ouvir. E entusiasma-se, a música anima-a, mas, ao mesmo tempo, surpreende-a por a conhecer tão bem. Fez parte daquela sua idade bonita.
Ela sabe o quanto sofro com estas visitas mensais. Bastou-lhe as corridas para o hospital, durante uns meses seguidinhos, para ficar assustada. E hoje, sabendo que era o primeiro dia (que é, invariavelmente, o que mais custa), encheu-me a tarde de mimos, doces e uma flor!
Como disse, estive a ler "Os Lusíadas" em banda desenhada, ilustrado por José Ruy. É um livro de 1984 que é óptimo para quem gostaria de ter alguma ajuda a perceber do que é que o Camões está a falar. O texto é o original (apesar de, pelo que percebi, não ser integral), com pequenas adições do artista para explicar um pouco melhor o que se passa ou do que se fala.
Até no terceiro andar o meu quarto conseguiu ficar alagado. Toca de tentar absorver, com os pés na 'piscina', a água toda para o balde. Vá de pôr tapetes aqui e ali. Tirar os livros das estantes, limpa-las o melhor possível e muda-las de lugar.
Nesta passagem de ano, um dos desejos das minhas 12 passas foi precisamente o grande passo que hoje se deu na Assembleia da República. Não que acredite nesse ritual de passagem de ano, mas acredito naquilo que a partir de hoje teremos a liberdade de fazer. Da alegria que isso trará a muitos de nós, mais que não seja pelo reconhecimento de direitos tão básicos quanto o da igualdade.

1) Procurar saber mais e melhor de medicina;Papoila